Overblog
Edit post Follow this blog Administration + Create my blog

Deus é Pai, não é o vovô

May 5 2019


Deus é Pai, não é o vovô

(eu sei que o ditado não é assim)

A expressão popular diz que Deus é Pai, não é padrasto, eu sei. Mas não consigo parar de pensar que seria muito mais, digamos, educativo se nós estivéssemos acostumados a ouvir que Deus é Pai, não é o vovô. E se você tem filhos ou sobrinhos, e os seus pais forem como a regra, vai entender facilmente o meu raciocínio — você sabe perfeitamente como os seus pais são enquanto pais e como são enquanto avós. “Vó é mãe com açúcar”, diz outro ditado. Honestamente, não reclamo disso, não. Primeira neta da minha vó paterna, eu tive todas as minhas vontades feitas por ela, e mais dúzias de coisas que eu não sabia que queria e foram feitas também. Minha infância com a vó foi boa demais e ela é a saudade mais doce que eu guardo no peito.

Mas nem sei o que teria sido de mim se tivesse só o oba-oba da vovó e nenhum limite!

E esse é o meu ponto: Deus é Pai, não é o vovô.

Sim, Deus é Pai. Você pode chamá-lo de Papai ou Paizinho se quiser, e deve estabelecer essa relação em que o amor de dEle é seu lugar de colo, segurança, conforto e — por que não dizer? — aconchego. Mas é preciso entender que, sendo Pai, a educação, a disciplina e a imposição de limites aos filhos são itens que também constam na agenda de Deus (e de uma forma infinitamente melhor do que aquela que costumamos fazer por aqui, já que é a forma perfeita). Aprender a ouvir um não de Deus como a melhor resposta e aprender a receber a disciplina que vem do Senhor são duas coisas bastante complicadas, mas têm uma importância que nem é possível explicar em palavras.

Na semana passada, li esse artigo do Jesuscopy que diz que se Paulo tivesse visitado Roma como tantas vezes planejou (e não pôde fazer) antes de escrever Romanos, não teria sido necessário que ele escrevesse a carta por meio da qual Deus vem agindo poderosamente ao longo da história! Eu sei, do ponto em que estamos hoje, é muito fácil enxergar a perfeição do não de Deus nessa relação entre a viagem que Paulo não conseguiu fazer e o livro de Romanos que ele escreveu, e o mesmo não acontece quando tentamos assimilar os nãos recebidos nas nossas vidas. Mas uma verdade a respeito de Deus é que Ele não muda, nEle não há mudança nem sombra de variação — e Ele segue impedindo nossas viagens a Roma e segue fazendo isso para que bênçãos muito maiores se concretizem nas nossas vidas e por intermédio das nossas vidas.

Usando o raciocínio de Mateus 7:9–11, se um pai na terra não atende a todos os nossos pedidos porque sabe das consequências que alguns deles podem trazer, quanto mais o nosso Pai que está no céu! Da mesma forma, se um pai na terra sabe da necessidade de nos corrigir e ensinar…

Tenho pensado muito na forma como Jesus lidava com as pessoas e seus pecados. Ao paralítico de Cafarnaum, Ele disse “filho, os teus pecados estão perdoados”. A mulher apanhada em adultério não foi tratada com uns tapinhas nas costas ou com dizeres de “não dê bola para esses caras”. Jesus disse “vá e não peques mais”. Os dois foram tratados com graça, mas, ao mesmo tempo, seus pecados foram citados. No capítulo 5 de Lucas, lemos que Jesus veio chamar os pecadores ao arrependimento, e não para dizer que “tá tudo bem, não aconteceu nada”, muito menos para nos colocar numa condição em que tudo é válido, como se amor fosse sinônimo de não mostrar o erro. Jesus ressaltou aos fariseus que os saudáveis não precisam de médico, os doentes é que precisam… justamente por estarem doentes!

“Jesus começou a pregar, dizendo: arrependei-vos, porque o reino do céu chegou”, está lá em Mateus 4. Bom, ninguém precisa se arrepender se estiver acertando em tudo! O pagamento de uma dívida pressupõe a existência da dívida. A transformação, a existência de algo a ser mudado. Como Pai, Deus quer nos ensinar a ser filhos melhores — parecidos com Jesus — e isso só acontece quando temos humildade para ouvir em que ponto estamos falhando e para deixar que a disciplina dEle atue em nós. Afinal, “(…) Deus nos disciplina para o nosso bem, para sermos participantes da sua santidade. Nenhuma disciplina parece no momento motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, porém, produz um fruto pacífico de justiça nos que por ela têm sido exercitados” (Hb 12:10,11).

Abraçar com amor um não de Deus ou uma correção que sabidamente vem dEle podem ser tarefas humana e momentaneamente agridoces, mas tudo muda quando conseguimos encarar os fatos pela perspectiva da sabedoria plena e do amor perfeito do Senhor e dos resultados eternos que serão produzidos em nós.

(Obrigada, Pai.)

Share this post
Repost0
To be informed of the latest articles, subscribe:
Comment on this post